terça-feira, 26 de julho de 2011

A Resposta


Na quietude da varanda e, ainda, desembrulhando lembranças, ela esperava. Sabia que não devia, mas esperava... Longos dias se passaram. O relógio seguia arrastando os ponteiros, indiferente.

Havia prometido a si mesma não mais falar do passado, por isso não se atrevia a escrever sobre o sofrimento que lhe corroia a alma. A partir daquele momento em que escrevera a penúltima carta de amor, resolveu que traçaria a sua tristeza no silêncio e, em silêncio. Mas, esperava... O dicionário dos afetos que descobriram juntos, decerto, haveria de servir, também, para refrescar-lhe a mente, obrigando-o a remexer nas gavetas da sua memória.

Pensando nisso, não viu o tempo correndo lá fora. Ele contava ali dentro, no terreno da esperança e, sempre, devagar, quase parando, em conta-gotas que era para não destruir tão cedo as suas ilusões.

Trinta e sete anos se passaram, desde então e, só agora ela tomou coragem para perguntar-lhe: por quê?

- Por que ressuscitou da sua laje fria e remexeu no cadáver insepulto de um amor esquecido no tempo? Que prazer haveria de obter, ainda, para sua vaidade, saber-se amado apesar de...

É, meu amigo, você não respondeu e jamais responderá nem a penúltima, tampouco a última carta de amor.  Faz parte do seu show! É o pedaço desse latifúndio a que você dá o nome de vida...  Improdutiva, com certeza! Pois de afetos não cultivados pelo respeito e pela gratidão de se saber amado apesar de...

Um silêncio que fala foi a sua resposta. A última pá de cal sobre um amor que venceu o tempo, mas foi vencido pela insensibilidade de quem, da vida, só deseja o farfalhar dos ventos nas saias rodadas dos amores vãos.

Em todo caso, eu peço emprestada, novamente, as palavras de Carpinejar e termino dizendo: Não irei me vingar com as cinzas, arrancar as folhas que não combinam comigo, ou que me provocaram decepções. Não serei visto queimando fotografias, cartas e paixões numa lata de lixo, apenas porque não me servem mais. O que namorei vai me enamorar a vida inteira. Estará lá numa página definida, permanente, com a letra segurando as linhas”.

Todos os meus erros são esperançosos pela releitura”.

4 comentários :

  1. Oi Julieta
    Surpresa boa conhecer a nova casa , ser a primeira seguidora rs e partilhar das suas cartas,dos seus devaneios e desabafos.Tudo isso regado pela amizade que se renova a cada acolhida sua.
    A alma feminina nao queima etapas, vive cada uma intensamente e há esses momentos de espera. Uma resposta, uma carta ,um bilhete , um olhar, uma volta.
    E dói.
    Estou como Lya Luft " pelos contornos", me cortando ao meio, me reinventando , viajando sem saber se chego em algum lugar ou se desisto... rs
    sua carta reacendeu uma saudade ... pode? rs
    deixo o meu abraço afetuoso desejando que a nova casa traga mais luz aos amigos com esse brilho que só a Julieta tem!
    beijinhos

    ResponderExcluir
  2. Oi Julieta, cheguei...e já estou instalada nesse cantinho tão luminoso e acolhedor.
    "Cartas de Julieta" o título é bem inspirador, "a resposta" que o diga, reconstruindo novos caminhos, é algo que me soa muito bem, sonhos, desejos, realidades, sentires e olhares onde se perde a inocência.

    "O Amor está entranhado na nossa pele, no nosso corpo, na nossa Alma e na nossa vida, é parte de nós e nós somos parte dele.O Amor não é só algo que se sente, mas também algo que se vive, algo que se constrói, algo que dura, algo que permanece.Por isso o Amor também é calma. Por isso o Amor também é PAZ. Por isso o Amor é plenitude e tranquilidade."

    É essa plenitude que aqui nas "cartas de Julieta" tu vais alcançar e sentir no coração.

    Julieta conheces este blog do poeta aprendiz??http://julietacapuleto.blogspot.com/
    Ora, dá uma espreitadela e me diz se de alguma maneira não sentes uma empatia engraçada com a escrita dele.

    Beijokas amiga, adorei teu novo cantinho, está muito bem arrumadinho e com umas cores lindas, tua foto é aquela beleza inconfundível....

    ResponderExcluir
  3. Oi minha amiga Julieta
    Que bom ser acolhida neste ambiente quente, entre livros e palavras sussurradas, bebericando pequenos goles de chá, sorrindo, recordando caminhos reconstruidos e hoje aqui reinventados.
    O caminho não terminou, novos enlaces e entrelaços se desenham, novas experiências partilhadas, onde a suadade deixa de ser rainha para dar lugar a um novo capítulo, quem sabe inundado de amor, partilha e sorrisos.
    Eu estarei por aqui, fiel, amiga, companheira virtual numa amizade que se vai consolidando mesmo separada pelo oceano.
    Beijo enorme
    Manu

    ResponderExcluir
  4. costumo dizer que esses amores, de ontem, nos servem pelo que forão, pelas lembrnaças bonitas, pelo crescimento, pelo que representaram e ainda representam... mas ando descobrindo que são mais bonitos lá atrás... como parte dos nossos caminhos...

    Juliêta,
    Que este novo momento seja repelto de paz...
    Que a gente possa continuar vindo aqui, ler essas delicadezas que você nos empresta... e que possamos sempre "compartilhar"...

    porque "somos tão menos, um sem o outro..."

    você é incrível...

    beijo nesse coração lindo, taurino, de luz...

    Solange Maia

    ResponderExcluir